No meu tempo, não se usava o artigo para fazer amor.
O artigo seguia todo para o cliente. Tinha muita saída, ai não que não
tinha!... Era artigo de primeira necessidade, era o que é preciso. As encomendas? Mais que muitas: da Feira, da
Mealhada, enfim, dos Mouros, até de Espanha! Muita vez cheguei eu próprio a ir
fazer entregas a Vigo… Demorava-se horas naqueles cinco quilómetros antes da
fronteira, mas vinha-se de lá com vento bom e barato. E dropes. Era outro
tempo!
Quando o Sê Pinto, o patrão, não estava na loja… Olarilolé! Era então que
fazíamos amor! Mas tínhamos de o fazer uns com os outros, porque o artigo, lá
está, seguia todo para o cliente… Não havia estas modernices de se meter o “o”
onde ele não é chamado…
Era outro tempo. As horas corriam mais devagar, respirava-se um ar mais
puro, e toda a gente conhecia aquelas melodias de sempre:
“Let
me go on like I
Blister in the sun”
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