sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Imagina que todos esses astros
imensos
inúmeros
incalculáveis, etc.
em vez de combustão eram bondade

Um tal céu não está ao teu alcance
Sabendo disso chamas-lhe –
cenário dantesco


(para a senhorita Joplin)

Deus Ex Machina
que tirais nossa vida do absurdo
dai-nos chocolates da marca Regina

Deus Ex Machina
que tirais nossa vida do absurdo
dai-nos ovos da marca Kinder

Deus Ex Machina
que tirais nossa vida do absurdo
dai-nos Bollycaos antes da lei ser magra

Deus Ex Machina
que tirais nossa vida do absurdo
dai-nos peluches de Ti tirados com um gancho

Deus Ex Machina
que tirais nossa vida do absurdo
dai-nos todo o saldo em notas de vinte

Deus Ex Machina
que tirais nossa vida do absurdo
dai-nos o tintim por tintim de um jackpot

Deus Ex Machina
que tirais nossa vida do absurdo
dai-nos cigarros de uma marca que não mate

Deus Ex Machina
que tirais nossa vida do absurdo
dai-nos uma marca que marca não deixe


(Meu tão, tão estimado Marquês de Favras)

Que fraude, esta ortográfica revolução –
Prometem mundos fundos ao auto-retrato
e só nos dão direito a duplicar o "r"
(pandemia banal da língua portuguesa)

Essa gente não sabe que no poema aguardam
"n" fortunas em lítio, "n" giros no cosmo,
essa gente nunca há de saber encontrar
o que mérito tem p'ra ficar lado a lado


quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Paveia

Tanto ginásio
ó astro
p’ra te ser permitido não mais do que um beijo
através da tragédia das nuvens

mas (o ginásio) foi preciso
a aberta
fixou-se na memória de um padecedor
como a agricultura na história de todos