sábado, 20 de janeiro de 2018

You hear these funny voices

Como todas as crianças, todas, nasci cheio de dons e cheio de ouro (o berço só não os refletia por antipatia). Mas não nasci com o dom de uma voz dourada.
De um livro que escrevi aos vinte anos, a minha grande amiga Carla Maia salvou a imagem que havia para salvar: o soldadinho de chumbo dançando com a Marylin (acho que, no verso, havia um advérbio, mas isso não interessa nem ao menino Sigmund). Saravá, Carla Maia, senhora por quem tenho uma estima e uma admiração sem mácula, senhora que salvou a imagem que havia para salvar.
Não foram os vocalizos, as técnicas de respiração e colocação – não foi nada disso que me fez encontrar a voz. Foi precisamente a luta, corpo a corpo, alma a alma, para ganhar o direito a também ser senhor da palavra amigo e senhor da palavra amor.
Atingida assim a consciência, a voz encontra-se no ponto.
No ponto final.


“So you can stick your little pins in that voodoo doll
I'm very sorry, baby, doesn't look like me at all”



Sem comentários:

Enviar um comentário