Como todas as crianças, todas, nasci cheio de dons e cheio de ouro (o berço
só não os refletia por antipatia). Mas não nasci com o dom de uma voz dourada.
De um livro que escrevi aos vinte anos, a minha grande amiga Carla Maia
salvou a imagem que havia para salvar: o
soldadinho de chumbo dançando com a Marylin (acho que, no verso, havia um
advérbio, mas isso não interessa nem ao menino Sigmund). Saravá, Carla Maia,
senhora por quem tenho uma estima e uma admiração sem mácula, senhora que
salvou a imagem que havia para salvar.
Não foram os vocalizos, as técnicas de respiração e colocação – não foi
nada disso que me fez encontrar a voz. Foi precisamente a luta, corpo a corpo,
alma a alma, para ganhar o direito a também ser senhor da palavra amigo e senhor da palavra amor.
Atingida assim a consciência, a voz encontra-se no ponto.
No ponto final.
“So you can stick your little
pins in that voodoo doll
I'm very sorry, baby, doesn't
look like me at all”
Sem comentários:
Enviar um comentário