quarta-feira, 6 de setembro de 2017

(apodyopsis, apodioxis)

Agora, já há músicos que escrevem para o vento. Mas, como acontece com qualquer instrumento, também nele se pode tocar Bach.)                      O vento é uma escrita, como todas as escritas transparente, que se mete nas ilusões qual piolho por costura. É só catá-lo: que nas árvores as folhasª fazem cheerleading às flores e aos frutos, que as nuvens são djs do disco solar, que o norte é uma preposição magnética (norte ponticello). O vento muda estados de coisas, de sítios, de emergências, coisas tão simples como uma letra que noutra se perde, e já o espírito do vento XVI é um adolescente que pergunta a outro: por que manténs a roupa absurda sobre o corpo? Proselitismo? Não, isto chama-se poeselitismo. Da janela do meu quarto, vejo um baloiço tão sozinho de fé e de infância que, quando baloiça, enferruja a brisa.


*O presente texto contém uma "iluminação" que não é possível reproduzir no âmbito deste blogue.

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