quarta-feira, 6 de setembro de 2017

(canção de tear)

Era uma vez um homem que queria fazer amor com uma mulher inacessível (p’ra sempre casta, com voto de frigidez, não-me-toques-que-me-destemperas). Mas o homem gostava tanto do lado solar da vida que, em vez de violar essa mulher, a seduziu. É a lenda que explica que, durante algumas décadas, eles se tivessem dedicado a escrever no corpo um do outro (tatuagens para quê?).                 Isso implicou uma certa perícia de se entre-colherem cogumelos e a ciência imensa de se fazerem ora rio, ora nuvem, ora lençol freático, no ciclo de juntos permanecerem. Aprenderam a gostar do seu par com a orientação concretíssima de quem prefere Moscovo ou São Petersburgo, vinho verde ou vinho maduro. Um dia ele partiu (morto até um dia, tão distante a tabacaria, um tapete voador). Longe da vista, longe do coração? Não estão a falar do sangue, pois não?


*O presente texto contém uma "iluminação" que não é possível reproduzir no âmbito deste blogue.

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