Há,
na vida, coisas muito bonitas:
melodias,
as
covinhas de um rosto de rapaz,
a
água de Tales de Mileto…
Mas
nada se compara ao desconforto e à comoção
da outra pessoa na casa.
Sim,
eu
gostaria de viver numa ilha do Pacífico,
entre
nativos que já não existem,
e
trocando as doenças do frio
pelas
doenças do calor.
Mas
a outra pessoa na casa prefere o Índico,
que
também tem falta de nativos
e
excesso de ilhas com defeito.
E
assim,
porque
não temos meios,
justificação
ou
imaginação para partir,
os
nosso sonhos ficam menos puros
e
mais vizinhos.
Sim,
também
na cama nos desentendemos.
Sob
os vinte colchões eu quero a ervilha de quebrar,
e a
outra pessoa na casa
prefere
o grão-de-bico.
Mas
o que havemos nós de fazer
senão
foder
até
o tempo começar a germinar?
Sim,
eu
sempre quis ter morte doce
e a
outra pessoa na casa
tem
projetos para uma morte salgada.
Por
isso,
na
falta de acordo,
viveremos
até que algo ou alguém
por
nós decida o tempero do nosso fim.
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