de uma nuvem com forma de teta de vaca
sai uma tempestade de leite
(não houve sirene
porque o mugido se tornou nata)
fervem os reflexos nos lagos liriformes
mas o leite passa frio
como se fosse um livro
desescrito pelo tempo incólume
entornada na planura
qual quadro negro de uma sala de aula
a cidade está calma
nocturna
nas ruas
(futuras vias lácteas
há tão pouco tempo anárquicas)
somente um nascituro se insinua
mas eis que a cidade ganha asas
torna-se muito pequena
borboleta
fugindo não sã, mas salva
e a tempestade deixa nos caules
carícias de nácar
deixa risos sem tártaro
nos ramos mansos das árvores
as casas embebidas amolecem
ficam os recheios amnistiados
a Liberdade de delacroix
sente-se um logro afoga-se impotente
quem toma todo o leite é o leitor
(que traga açúcar que isto não é simples)
Sem comentários:
Enviar um comentário