terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Voz do rapaz que trabalha no café

“Este
já vai
p’ra os anjinhos!”
o meu avô
sem querer salvou-me.
Pois, quando não caídos,
em cadência ou em falência,
quando não perdidos, os anjos
só têm a incumbência de o sol
tomar nas próprias mãos, e de o erguer
de o erguer, de o erguer, de o içar até
que nada no universo se possa livrar
da condição de sexo.
Algum dia houve um dia que falhasse no nascer?
Sempre o arrebol destapa o recém-sol com humildade,
nada de fórceps, nada que não seja reunir,
grau após grau, o joio que aquece o deserto
co’ a joia que dá luz à beira do mar.
Diz-se que existem homens que não são
desesperados – não acredito,
simplesmente não encontraram
a pessoa certa ainda.
Há sol a sol, há ida
mas vinda não há:
pedra, papel
e tesoura,
escrita
vã…

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